'Até assistir ao vídeo, eu não me via como vítima', diz mulher agredida por personal trainer em João Pessoa
Vítima pediu medida protetiva e o suspeito está proibido de se aproximar dela. Investigação teve início após vídeo ganhar repercussão. 'Até assistir ao...

Vítima pediu medida protetiva e o suspeito está proibido de se aproximar dela. Investigação teve início após vídeo ganhar repercussão. 'Até assistir ao vídeo, eu não me via como vítima', diz mulher agredida por personal trainer em João Pessoa Reprodução/TV Cabo Branco No dia 12 de maio, por volta das 2h, Bárbara Gomes, foi agredida pelo namorado, Rani Tavares, personal trainer, dentro do condomínio onde moravam, no bairro de Gramame, em João Pessoa. Cerca de 15 dias depois, o vídeo de câmera de segurança registrando a agressão ganhou repercussão. No dia 27 de maio, Bárbara solicitou uma medida protetiva. Em entrevista à TV Cabo Branco, ela declarou que só entendeu o que estava acontecendo e que estava inserida em um ciclo de violência, quando viu a repercussão do caso. "Até assistir ao vídeo, eu não me via como vítima. Eu via como mais uma discussão, mais uma briga que iria se resolver depois", desabafa. A Rede Paraíba de Comunicação tentou falar, por ligação e mensagem, com o suspeito das agressões, mas não obteve retorno. As imagens mostram o homem arrastando a mulher pelo pescoço e, em seguida, a soltando no chão. Depois, ela se afasta, vai em direção a uma parede e se abaixa, aparentemente tentando pegar algo no chão. Nesse momento, o agressor empurra a cabeça da vítima contra a parede. A mulher coloca a mão no rosto e permanece sentada no chão. Câmera flagra mulher sendo agredida em estacionamento de condomínio, em João Pessoa Bárbara e Rani não estão mais juntos, nem mantém comunicação. Mas ela revela que, durante o tempo em que estiveram juntos, viveram um relacionamento abusivo. "Não era uma relacionamento saudável. E eu ficava me culpando por isso. Por que não está sendo suficiente o meu 100%?", se questionava. A vítima conta que, no dia a dia, o namorado não demonstrava ser um homem agressivo. Mas sempre que tinha um aborrecimento, descontava na companheira. Apesar dos episódios de violência física não serem constantes, a violência verbal era rotina. “Eu escutava diariamente que eu era uma louca, que eu precisava de tratamento psicológico, que eu afastava todo mundo de perto de mim. Ele contava a versão dele lá fora, e a minha nunca era ouvida, nunca era válida. Perdi amigos, família se afastou. E depois das palavras ruins, sempre vinha um pedido de desculpas”, conta Bárbara Gomes. Violência física, verbal e também psicológica. Quando uma mulher é inserida em um ciclo de violência, dificilmente vive a situação de forma isolada. Bárbara não dependia financeiramente de Rani, mas criou uma dependência emocional. “Fiz dele o meu ponto de apoio, por sentir aquela vontade de criar uma família, um vínculo uma rotina”, revela. Hoje consegue ouvir e entender o que vivia. Repassa as cenas na cabeça e consegue enxergar que vivia em um contexto de violência. Mas sair do ciclo de violência não é uma atitude imediata. Embora o ciclo seja rompido e o relacionamento dissociado, os danos psicológicos persistem. Bárbara tem duas filhas e diz que, dentro de casa, precisa “inventar outra pessoa” para as filhas. “Eu quero espelhar minhas filhas, mas elas me espelham mais. São elas que estão me dando força para encarar tudo isso. Eu tento ser uma mãe 100%, tentar esconder o que estou sentindo, mas o apoio delas está sendo sem palavras. Não posso fechar os meus olhos e deixar isso para lá. Coisas assim não tem como deixar para lá, senão vão continuar se repetindo”, desabafa Bárbara Gomes. Personal trainer Rani Tavares é suspeito de agredir mulher dentro de condomínio Reprodução/Redes Sociais Vítima pediu medida protetiva Bárbara Gomes pediu uma medida protetiva contra Rani Tavares, após câmeras de segurança do local terem sido veículadas nesta terça-feira (27) e ela prestar depoimento na delegacia. De acordo com a delegada Paula Monalisa, da Delegacia da Mulher, que investiga o caso, a medida protetiva foi protocolada pela vítima, no depoimento prestado junto à polícia. A Justiça acatou o pedido e, com a medida protetiva, o suspeito está proibido de ficar a menos de 100 metros da vítima. O documento tem validade de 90 dias, podendo ser reavaliada no fim do prazo. Relembre o caso Nas imagens do circuito de segurança, é possível ver o homem arrastando a namorada pelo pescoço e, em seguida, a soltando no chão. Depois, ela se afasta, vai em direção a uma parede e se abaixa, aparentemente tentando pegar algo no chão. Nesse momento, o agressor empurra a cabeça da vítima contra a parede. A mulher coloca a mão no rosto e permanece sentada no chão. A Coordenação das Delegacias da Mulher afirmou à TV Cabo Branco que teve conhecimento do vídeo pela imprensa e consultou as unidades da delegacia, mas não encontrou registro de denúncia sobre o caso. Como a filmagem se tornou pública, foi necessária a ação da polícia mesmo sem a denúncia prévia. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba