Justiça determina prisão temporária de suspeito de chefiar ataque a assentamento do MST no interior de SP

Homem de 41 anos, que havia sido preso neste sábado (11), passou por audiência de custódia e teve a prisão decretada por 30 dias. Ataque a assentamento do M...

Justiça determina prisão temporária de suspeito de chefiar ataque a assentamento do MST no interior de SP
Justiça determina prisão temporária de suspeito de chefiar ataque a assentamento do MST no interior de SP (Foto: Reprodução)

Homem de 41 anos, que havia sido preso neste sábado (11), passou por audiência de custódia e teve a prisão decretada por 30 dias. Ataque a assentamento do MST em Tremembé (SP) deixa mortos e feridos O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a prisão temporária, por 30 dias, de Antônio Martins dos Santos Filho, de 41 anos, suspeito de chefiar o ataque ao assentamento Olga Benário, do MST, em Tremembé, no interior de São Paulo. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp Antônio Martins, mais conhecido como "Nero do piseiro", havia sido preso neste sábado (11), após ser reconhecido por testemunhas que presenciaram o ataque ocorrido na noite da última sexta (10). Ele passou por audiência de custódia na manhã deste domingo (12) e a Justiça determinou a prisão temporária dele por 30 dias. Em entrevista coletiva neste sábado, Marcos Ricardo Parra, delegado seccional de Taubaté, informou que Nero é apontado como a pessoa que chefiou o ataque. No boletim de ocorrência, o suspeito foi identificado como Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido na região pelo apelido "Nero do piseiro". Segundo o delegado, os policiais conseguiram chegar até o homem, pois, no momento da invasão, os criminosos não cobriram o rosto. Com isso, o suspeito, que já era conhecido na comunidade, foi identificado por vítimas que estão hospitalizadas e também por testemunhas que presenciaram o crime. Ainda segundo Parra, o homem foi detido e na delegacia confessou para os policiais que ele participou do ataque no assentamento. Agora, comparsas são procurados por participação no crime. Não há uma estimativa de quantas pessoas cometeram o ataque. “Ele confessou o crime. Não só confessou, como ele está indicando onde podem ser encontradas as demais pessoas (que participaram do ataque). Além de confessar o crime, ele foi reconhecido por algumas das vítimas e testemunhas. A gente trabalha na condição de certeza da participação dele”, afirmou o delegado seccional Marcos Ricardo Parra. Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, foram atingidos pelos disparos e não resistiram aos ferimentos. Divulgação/MST O delegado alega que o motivo do ataque ainda é investigado, mas que tem relação com uma disputa por um lote do assentamento. “Com o assentamento fechado que é, eles têm ali um entendimento de existir concordância para a admissão de pessoas novas no local. Até onde a gente apurou, essa concordância não teria acontecido nessa comercialização do terreno”, contou o delegado. “O homem e seu grupo estariam lá para, num primeiro momento, intimidar, mas, como não intimidou e aconteceu, na verdade, uma repulsa da presença deles lá, a gente tem o nascimento de um confronto envolvendo arma branca e arma de fogo e levou a gente para esse resultado trágico de várias mortes e várias pessoas lesionadas”, completou. Por fim, o delegado explicou que ainda não foi descoberto se o homem que foi preso queria adquirir o terreno ou se estava fazendo a negociação para um terceiro, mas que o problema teve início por causa da disputa por um lote. “A motivação foi o problema interno de pessoas do próprio assentamento, entre elas, ou seja, sem nenhuma conotação com invasão ou proteção de terra. Foi uma cobrança de posição em relação à permissão de negociar o terreno ou não. A gente não conseguiu, até agora, entender se ele era o adquirente ou se ele era o intermediário. Seja como for, ele estava lá para modificar o pensamento dos demais”, disse Parra. Foram apreendidas armas brancas (como foices e facas) e armas de fogo, além de um carro. Tudo passará por perícia, na tentativa de identificar digitais dos criminosos. A Polícia Militar informou que reforçou o policiamento na área do assentamento. Ataque a assentamento do MST em Tremembé (SP) deixa dois mortos e seis feridos Arte/g1 Investigação da Polícia Federal O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou, na tarde deste sábado (11), que a Polícia Federal (PF) instaure um inquérito para investigar o ataque que ocorreu em um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé, no interior de São Paulo. Dois homens foram mortos a tiros e seis pessoas ficaram feridas após serem baleadas, na noite desta sexta-feira (10), na comunidade - leia mais abaixo. Em coletiva de imprensa, polícia anuncia que prendeu homem acusado de ter chefiado ataque a assentamento do MST no interior de SP Peterson Grecco/TV Vanguarda No ofício enviado para a Polícia Federal, o ministro em exercício, Manoel Carlos de Almeida Neto, citou que houve violação aos direitos humanos das famílias que fazem parte do assentamento. Ainda segundo o Ministério, uma equipe da Polícia Federal - com agentes, perito e papiloscopista - foi até o assentamento neste sábado (11) para dar início às investigações sobre o crime. O ataque Dois homens foram mortos a tiros e seis pessoas ficaram feridas após serem baleadas, na noite desta sexta-feira (10), durante um ataque a um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), na zona rural de Tremembé, no interior de São Paulo. O caso foi registrado na delegacia de plantão em Taubaté e é investigado pela Polícia Civil de Tremembé como homicídio e tentativa de homicídio. De acordo com o boletim de ocorrência, o crime aconteceu por volta das 23h, no assentamento Olga Benário, que fica na Estrada Kanegae. Ainda segundo o documento, testemunhas e sobreviventes relataram para a polícia que cinco carros e três motos invadiram o local durante a noite e que as pessoas dos veículos efetuaram diversos tiros contra os moradores do local. Consta no boletim de ocorrência que Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, foram atingidos pelos disparos, não resistiram aos ferimentos e morreram no local. Outras seis pessoas que moram na comunidade foram baleadas e ficaram feridas. Os sobreviventes são três homens e três mulheres. Os baleados foram socorridos e levados para o Hospital Regional de Taubaté e para o pronto-socorro de Tremembé. Não há informações sobre o estado de saúde dos feridos. O assentamento é regularizado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há cerca de 20 anos para o Movimento dos Sem Terra. Segundo a assessoria do MST, cerca de 45 famílias vivem no local. Ministério Agrário emite nota de repúdio O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar emitiu uma nota de repúdio, informando que "repudia o crime e manifesta solidariedade e apoio aos assentados da reforma agrária, especialmente às famílias de Valdir do Nascimento e do jovem Gleison Barbosa Carvalho, brutalmente assassinados neste caso". Ainda segundo a pasta, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, "entrou em contato com autoridades estaduais e nacionais da área da segurança pública para pedir providências e punição do crime que classificou como bárbaro". Ministério dos Direitos Humanos diz que vai reforçar proteção O Ministério de Direitos Humanos e Cidadania informou que "está buscando mais informações sobre os fatos ocorridos e oferecerá assistência para as lideranças do assentamento e sua coletividade". Ainda segundo o Ministério, "o grave ataque contra o assentamento do MST e o assassinato de lideranças soma-se aos alertas anteriores para a urgência de fortalecimento das políticas de proteção aos defensores de direitos humanos que integrem as esferas federal e estadual, os sistemas de Justiça e de Segurança Pública e as redes de proteção". Em 2025, o Ministério informou que "vai reforçar suas ações para o fortalecimento das práticas coletivas de proteção das comunidades, associações, grupos, organizações, coletivos e movimentos da sociedade civil que fazem a proteção popular desses agentes". CORREÇÃO: o g1 informou por volta das 19h deste sábado que 3 pessoas morreram no ataque. Na verdade, até aquele horário e até a última atualização desta reportagem, o número de morte confirmadas é 2. Esta reportagem foi atualizada às 20h50 com essa correção. O assentamento do MST que foi alvo do ataque fica na zona rural de Tremembé. Reprodução/TV Vanguarda Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina